O custo com benefícios pagos a trabalhadores afastados por arboviroses chega a R$ 24 milhões por ano no Brasil, aponta pesquisa da Firjan-Sesi
Afastamento da força de trabalho decorrente das arboviroses pode chegar a 11 anos
São Paulo, 09 de setembro de 2023. Um estudo inédito da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan – Sesi), realizado a pedido da biofarmacêutica Takeda, mostra os impactos econômicos e financeiros das arboviroses, como dengue, chikungunya, zika e febre amarela, sobre o sistema de saúde e previdenciário e na produtividade de pequenas, médias e grandes empresas no Brasil.
Segundo dados da pesquisa “Avaliação dos impactos de arboviroses no ambiente ocupacional brasileiro”, as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti podem chegar a custar R$ 3 bilhões anuais ao país com gastos de internação, benefícios previdenciários, tratamento da doença e ações realizadas para controle do vetor. O estudo analisou dados de redes de saúde, aspectos previdenciários e perda de produtividade por brasileiros em todas as faixas etárias e em ambos os sexos, sob diagnóstico de arboviroses, entre os anos de 2001 e 2023.
As medidas adotadas pelo Governo Federal, que compreende o repasse a estados e municípios para o controle do vetor, são as responsáveis pela maior parte desse gasto, chegando a um custo de R$ 1,5 bilhão por ano. Em 2016, ano em que houve registro do maior número de casos de arboviroses no país, os estados que mais fizeram investimentos em combate ao vetor foram Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro, nessa ordem.
“O estudo da Firjan conclui que as estimativas relacionadas aos custos com internação e hospitalização, benefícios pagos, os custos com o tratamento e, principalmente, os gastos anuais com medidas preventivas e de combate ao vetor, causam impactos significativos a curto e longo prazos na economia do país. Esses dados mostram que precisamos implementar medidas de prevenção efetivas para reduzir o impacto que a dengue e outras arboviroses exercem na rotina dos brasileiros no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo”, detalha Eduardo Almeida, diretor executivo de Acesso Estratégico e Public Affairs na Takeda Brasil.
Em relação ao tratamento, a Firjan estimou que o custo médio para tratar a dengue grave (hospitalar) corresponde a 131% do valor do salário-mínimo federal vigente em 2023. Já considerando a renda média de um trabalhador brasileiro – R$ 2.923 –, segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), cada caso de dengue pode levar a perdas financeiras que variam de R$ 240 a centenas de milhares de reais.
Na análise previdenciária, os custos com benefícios pagos podem chegar a R$ 24 milhões por ano e afetar diretamente a produtividade das empresas. A Firjan estimou que foram mais de 13 milhões de dias (ou 32 anos) de trabalho perdidos devido a arboviroses, somando-se todos os beneficiários, no período analisado. Desse total, 86,7% estão relacionados à dengue.
O estudo também aponta que o afastamento da força de trabalho decorrente das arboviroses pode levar de 17 dias a até 11 anos e, em média, 57 benefícios são concedidos por mês motivados por arboviroses. Em relação ao gênero, mulheres em idade produtiva internam mais por dengue (62%) do que homens e isso se reflete na prevalência de pessoas do sexo feminino, com idade média de 40 a 49 anos e predominantemente moradores de regiões urbanas, como impactados por arboviroses no Brasil.
“Os afastamentos para tratamento acarretam perda de produtividade e outras perdas relacionadas, como mortes prematuras. O estudo traz dados importantes para o setor empresarial e das indústrias, mostrando que a conscientização sobre as arboviroses e a implementação de medidas de prevenção podem ser eficazes para diminuir esse impacto nos afastamentos e, consequentemente, na produtividade”, explica Leon De Franca Nascimento, pesquisador do Centro de Inovação SESI em Saúde Ocupacional e responsável pelo estudo.
Considerando as doenças transmitas pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, a dengue se destaca entre as arboviroses. Dos mais de 15 milhões de casos notificados para as quatro arboviroses durante o período do estudo, aproximadamente 90% desses foram de dengue e, quando causa afastamentos, uma parte significativa dos benefícios concedidos são de caráter permanente, como o benefício de amparo social à pessoa portadora de deficiência. Isto é particularmente relevante para a febre de chikungunya.
Para o ambiente ocupacional, outro dado relevante observado no estudo é a relação entre a faixa etária e casos de arboviroses. A força de trabalho é a mais afetada, com um maior percentual de casos das doenças em pessoas em idade produtiva, de 20 a 59 anos. Para complementar, a pesquisa verificou que aproximadamente 40% dos beneficiários se encontram em idade produtiva, entre 21-29, 30-39 e 40-49 anos.
Regionalmente, o Sudeste se destaca em relação aos dados previdenciários. Do total de brasileiros que recebem benefícios devido a arboviroses no país, 18% são do Rio de Janeiro, seguido de Minas Gerais, com 11%. Pernambuco, São Paulo e Ceará aparecem em seguida no ranking.
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